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Diário de viagem: profusão de cores e sensações retratam Marrocos

O país que inspirou o estilista Yves Saint Laurent (1936-2008) é um paraíso de cultura e beleza

Por Marcia Bechara
Atualizado em 9 set 2021, 10h39 - Publicado em 26 jun 2018, 10h00

“Minhas audácias, devo-as a este país”, costumava dizer sobre o Marrocos o estilista radicado na França Yves Saint Laurent (1936-2008). “A insolência das misturas, o ardor das invenções. Meu próprio cromatismo é o dos zelliges (mosaicos), dos zouacs (fina marchetaria talhada e pintada à mão, que reveste os interiores da decoração árabe-andalusa), das djellabas (túnicas) e dos caftans (vestidos típicos de festa, com bordados e pedrarias).” O desembarque no Marrocos é sinestésico mesmo para quem tem a íris tropical educada pelo contraste de cores e luzes, como eu. É um outro espaço-tempo, uma profusão de sentidos pela qual se apaixonou Saint Laurent, em 1966. Por isso talvez Marrakech tenha ficado para mim tão associada ao icônico criador – a cidade logo se torna um lugar de invenção para ele, onde passa a desenhar suas coleções. Justamente, o novíssimo museu Yves Saint Laurent Marrakech, inaugurado em 2017, celebra o encontro entre um dos maiores nomes da moda mundial e a Cidade Ocre. Os 4 mil m² da Villa Oasis, circulando o deslumbrante Jardin Marjorelle, ganharam o edifício que, embora monumental, se integra à paisagem local com seu laminado de tijolos, que lembra um tecido. Subindo em direção à costa Atlântica, encontro a cidade de Essaouira e seu porto milenar, que recebeu romanos, cartagineses, berberes e árabes e nos envelopa, transcultural e contaminante, com a agitação dentro dos famosos muros ao redor da medina. Mais uma vez, a plenitude de cores que impressionou Saint Laurent está presente, evocando cenas antigas de descobrimentos, encontros e sensações. Marcia Bechara, jornalista

Cena do porto de Essaouira, a antiga Mogador dos portugueses, a “pérola” marroquina do Atlântico. (Marcia Bechara/Divulgação)

 

A luz estourada que explode sobre as cores do Jardin Majorelle, onde Yves Saint Laurent mandou espalhar suas cinzas (Marcia Bechara/Divulgação)

 

No centro da Praça Jemaa el-Fnaa, a mais movimentada do continente africano, os souks (lojas): artesanato produzido por tribos berberes. (Marcia Bechara/Divulgação)

 

Palácio El Badi, em Marrakech, construído pela dinastia de sultões sauditas no século 16. (Marcia Bechara/Divulgação)
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